13 de março de 2007

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO


A dádiva só é dádiva quando é recebida.


Para todos os que em mim procuram o aconchego de quem me assiste é tempo de recordar que é imprescindível ancorar a mestria e o discernimento espiritual.

Todos ansiamos ajudar o outro, mas a verdade é que cada vez mais, visível se torna, um mundo cheio de salvadores que não sabem salvar a si mesmos.

São muitos os movimentos e os percursos do verbo espiritual que interpenetram a esfera individual, porém, parece persistir uma espécie de estrabismo a desviar-nos do verdadeiro foco da salvação, ou seja, a grande preocupação em ajudar e salvar o outro como se não fossemos nós mesmos a precisar dessa mesma salvação. Ninguém pode dar aquilo que não tem. Esta é uma verdade simples mas também incontornável.

A salvação começa e é feita dentro de cada coração e não pode ser dada, apenas poderá ser estendida através do exemplo. Enquanto não praticarmos o que aprendemos e aprendermos o que ensinamos a salvação permanecerá uma utopia inalcançável até mesmo pelo nosso imaginário.
Ultimamente sinto imprimida uma urgência em consciencializar a responsabilidade e qualidade das nossas escolhas.
È tempo de mudanças radicais que importam na interpretação de mundos e dimensões consciênciais que sentimos mas ainda não compreendemos.
Vivemos com um pé no abismo e com o outro num conto de fadas, e uma espécie de realidade virtual começa a tomar o terreno daquilo que até há bem pouco tempo era espaço sólido e tempo real.
Tudo está em permanente transformação, tudo está em acelerada mutação.
A confusão e as dúvidas sobrepõem-se, sobretudo porque a torrente da informação é cada vez maior e tendente a potenciar a diversidade e a dispersão em nome de um apelo à União e à integração na totalidade.
Disto parece resultar o estado psicológico do quanto mais se sabe mais se quer saber e os níveis de stress emocional em lugar de diminuir aumentam.
O paradoxo oferece-se uma vez mais como a chave para a resolução de todos os enigmas.
Intuímos que é tempo de regresso ao nosso centro e por isso de unir e não de separar ou dividir, mas a diversidade da informação multiplica-se ao limite da contradição e a mente dividida continua a encontrar terreno para se fortalecer no proliferar do ruído da multiplicidade de vozes, mensagens, rituais, mantra , danças, escritos, etc,etc...
Perante a constatação de todo este movimento uma certa intranquilidade em mim questionou:
- Quantidade, quantidade, quantidade. E a qualidade? Quem garante a qualidade?
Quem é o guardião da qualidade?
Busquei a resposta e encontrei o Eco:
- Quem pode ser senão o Ser!
- Quem pode ser senão o nosso centro, aquilo que de mais profundo e leve existe dentro de cada um de nós. Devolveu-me o Eco.
- Qual o critério? Procurei saber.
- Somente a paz. Continuou o Eco.
- Procura além das palavras, dos contextos, das condições e da autoria. Onde encontrares tranquilidade, leveza e harmonia fica atenta.
Tudo o que te provocar uma paz silenciosa é a manifestação do que é real para ti. Aí encontrarás caminho, por aí anda a ponte que te leva ao início da verdade.
- E o que é a verdade? (voltei a questionar).
- Não te preocupes com aquilo que por enquanto não está ao teu alcance compreender. Já sabes que verdade não se explica - reconhece-se.
Por isso pára de alimentar a mente analítica que faz com que te percas em mil e uma explicações inúteis e desnecessárias. Está tudo na simplicidade de um fio.
Focaliza a tua mente na simplicidade do fio que te liga e segura à tua paz interior. Regista essa impressão. E segue essa impressão. Experimenta-a em todos os teus corpos.

Segue esse fio até te sentires impregnada de silêncio, até que te dissolvas no silêncio, até que tu sejas o próprio silêncio, até que o silêncio se dissolva. È tudo o que precisas fazer. É este o derradeiro alcance da metáfora dos lírios do campo; O viver esta experiência chamada vida na entrega total a cada momento, na total confiança do que emerge do nosso centro .Só assim se recebe a dádiva.
É oportuno relembrar que ascender é regressar ao estado primordial mas a ascensão só ocorre na total ausência do ruído. O ruído seja ele qual for, propaga-se sempre no sentido inverso ao do caminho de regresso ao teu centro , e por isso, a casa.
A felicidade do estado primordial só será experimentada quando a filiação retornar ao Pai.
O encontro com o pai só acontece na Paz e Tranquilidade Absolutas.



RM :~) 1/3/2OO7


Relembrando o aprendizado:

O mundo que fizes-te é totalmente caótico, governado por leis arbitrárias , sem sentido e sem qualquer significado. Pois é feito de coisas que não queres, projectadas a partir da tua mente porque tens medo delas.
Não acredites que ele está fora de ti , pois só reconhecendo onde ele está terás controle sobre ele .Pois tu na realidade tens controle sobre a tua mente, já que a mente é o mecanismo da decisão. (…)
Se reconheces que todo o ataque que percebes está na tua própria mente e em mais nenhum lugar, terás finalmente localizado a fonte do ataque, e ali onde começa tem que terminar. Pois nesse lugar está também a salvação. Lá está o altar de Cristo. Lá terás a tua visão mudada e lá aprenderás a ver verdadeiramente.”
( cfr. Livro Texto- Um Curso em Milagres )

1 comentário:

Om-Lumen disse...

Gostei muito de ler a tua mensagem :-)

Um abraço amigo.

Om-Lumen