16 de outubro de 2012

PORTUGAL E O DESTINO

" Certos tipos de sono só terminam com choques."










O Mundo ainda está muito carregado de negatividades e visões de medo.
A pressão que as negatividades exercem sobre as nossas células e sistema nervoso é portadora de tensão e stress de toda a índole.

Nunca foi tão necessário apelar á tranquilidade e lucidez, o que nada tem a ver com inércia ou prostração.

Os tempos de hoje pedem consciência e acção consciente face ao período de retribuição das negatividades que o planeta atravessa.

Os exames das lições difíceis que a humanidade precisa aprender são os acontecimentos que cada pessoa experimenta na sua vida pessoal, no seu meio social e na nação a que pertence e reside.

Sou Portuguesa, vivo em Portugal, respiro Portugal.
Em Portugal respira-se o pânico das decisões insanas instaladas e normalizadas desde o topo da pirâmide até á base.
O desligar do Senso Moral é notório e ostensivo nas mais diversas decisões políticas.
Os líderes Políticos e representantes partidários revelam a falta de noção do bom senso e da razoabilidade reflectido por um acolhimento cobarde e hipócrita por parte das organizações sindicais e afins.
A Legislação perde, cada vez mais, o contacto com o respeito pela dignidade da pessoa humana e a essência do próprio estado de direito, e põe em causa, os mais elementares direitos liberdades e garantias conquistados pelos rios e muitos mares de sangue de muitos dos nossos antepassados.
A prolixidade de despachos e decretos governamentais além de revelarem uma intranquilidade mental, uma imaturidade egoísta e cega, carecem de lógica humanitária.
E esta toxidade demencial contamina todas as áreas da vida social portuguesa mas as finanças públicas e o sector laboral e o  da educação constituem a expressão mais acabada de beco sem saída das duras cabeçadas.

O povo, esse ainda acredita que o milagre não é ele mesmo, mas algo que há-de vir de fora, algo que lhe será dado.

Os encarregados pela sugestões e educação espiritual ou estão presos na depressão da procura fora de si mesmos ou estonteados pelos seus interesses insatisfeitos ou muito ocupados com aureolas de santidade de um qualquer mestrado, mas quase todos esquecidos de que a verdade de cada um já não é a verdade sobre si mesmo .

A visita geral  deste panorama  indicia  de que o consciente colectivo ainda está contaminado por um e único vírus  =  á ilusão de que o aspecto  material e a realização  material da vida  são a finalidade  da existência da humanidade.
 Não o é, nunca o foi, nunca o será.
Os problemas materiais, financeiros, emocionais não são a causa mas o efeito. 

A crise financeira que agora se agudiza socialmente com pretensões a crise humanitária, não é a causa, é mero sintoma do problema muito maior  que é o atraso de evolução da espécie humana .

Enquanto se tratarem os efeitos como sendo a causa, as verdadeiras soluções nunca aparecerão, porque as energias são dispersas em torno de um falso problema e, por isso, usadas para continuar a ampliar esse falso problema.

 A ideia de falta de dinheiro é falsa, porque o dinheiro corresponde a uma mera ideia, a uma vontade expressa em papel ou numa assinatura, a maior parte das vezes virtual. 

A ideia de escassez de bens é falsa. Nunca se teve tantos artefactos materiais  e  tecnologia para produzir e reproduzir materialmente . Agora, o mau uso dos recursos naturais e tecnológicos são outra questão e uma questão totalmente diferente.

Entretanto a crise de recursos é falsa, corresponde a interpretações da realidade assentes em premissas falsas, porque não há falta de recursos, o que se assiste é a um uso inadequado dos mesmos.

A crise económica também é uma ideia que só terá validade de mercado enquanto houver mercado e  compradores para alimentar quem a vende.

Portanto queridos amigos, se não tivermos cuidado o século XXI será para muitos, a expressão mais acabada do escravatura mental intelectual. As pessoas estão a tornar-se escravas de interpretações erróneas e das ideias menos lúcidas de outros assumindo-as como suas.

As Guerras que se avizinham são guerras mentais,  virtuais, e a única arma que as combaterá será a busca da verdade fortalecida pela lucidez e a lógica capazes de discernir o Real do Irreal.

A única coisa que é verdadeira, a única coisa que é objectiva e libertadora são os valores da verdade. E por onde andam os valores da verdade?
 Onde é que anda a ética, o senso moral e o respeito humanitário?
Onde é que anda a cooperação, o compartilhar, a valorização do trabalho e do real esforço?
Onde é que anda o sentido de serviço e de dever, a ideia de bem comum, o senso de responsabilidade?
Onde é que anda o respeito por si mesmo e por aqueles a quem se serve e dos que  servem?
Onde é que anda a lealdade, a integridade, a autenticidade, a honestidade, o altruísmo?
Onde é que anda o conhecimento da ordem Universal?
Onde é que anda o respeito e a aprendizagem dos mandamentos da Lei de Deus.
Onde é que anda a consciência de Deus?
E o Ser Humano? Onde é que anda o Ser Humano?
Como se vê bastarão algumas poucas perguntas para se sentir e compreender que os problemas económicos e financeiros são apenas espelho de uma degeneração de valores e da subversão da finalidade da existência do Ser Humano.
A Solução passará pela descoberta do paradeiro do Ser Humano e entretanto pela busca do que é SER um SER HUMANO?

Nasci em Portugal, mas felizmente não nasci cega nem surda e desde criança que ouço falar de crise económica. Ando há mais de  meio século a ouvir falar de crise económica! E se isto continua, vou ouvir uma vida inteira a falar de crise económica.

A impressão que a minha experiência de vida me está a deixar colher nesta minha encarnação na nação Portuguesa é que em Portugal a emoção privilegiada é a sensação de se estar permanentemente na crista de um rodopio que só puxa para traz.

 De facto, desde muito nova que experimento uma espécie de fobia colectiva que aprisiona  o inadvertido na vertigem do medo de andar para a frente.
 A Impressão que cada vez mais se acentua,  é a de  que se colocou a evolução no prego na ânsia de colher frutos imediatos e resultados megalómanos. Mas andar para a frente isso é que não, isso não alimenta lucros nem riqueza fáceis!

 Andar para a frente exige correr riscos, correr verdadeiramente riscos e riscos verdadeiros, por isso exige coragem, autocrítica, auto-sacrifício, esforço, capacidade de superação, ousadia para avançar no desconhecido, amor para se aceitar o que é e como é, para , a partir daí , abrir-se para o que em  verdade pode vir a SER.  Enfim, exige mudança, verdadeira Mudança dos velhos paradigmas. Não o sucedâneo pobre da alternativa ou do alternativo mas MUDANÇA. Um salto, um verdadeiro salto no NOVO

 A cada um compete descobrir como dar este salto de mudança. Não adianta nada ficar á espera que o outro salte, porque cada um só pode saltar por si. O máximo que se pode fazer é Confiar, Confiar que estamos todos a saltar na mesma coordenada. Confiar e avançar.
Mas só avança e confia quem constrói valores fortes e sólidos dentro de si.

  Autoconfiança genuína é o inimigo número um  da vaidade, do orgulho, do apego, do acomodar ao facilitismo e ao falso conforto das teias que prendem á paranóia da ideia fixa de necessidade de protecção e segurança.
A   “ vaidade é o pior pecado” e este é um vírus altamente contagioso , incrustado na vida político-social  e socio-cultural portuguesa  como uma espécie de pecado original de expressão individual e como  imagem  de marca de  um ego corrosivo e  verruguento que a cada um compete extrair e curar.

- Vamos lá queridos concidadãos, o que é que precisamos de perder mais para retomar a humildade do Real Poder?!
- O que é que precisamos sofrer mais para recuperar a força e a graça da nossa verdadeira condição?!
Os Portugueses não são melhores que nenhum outro povo, tão pouco são piores.
Os Portugueses não são um exemplo a seguir, tão pouco são um exemplo a descartar.
Os Portugueses são, apenas, seres humanos, e seres humanos  que se esqueceram da sua verdadeira identidade, que se desligaram das verdades cósmicas e universais  enquanto corriam atrás do Reino do Preste João das Índias.
O Reino do Preste João das Índias foi apenas um teste, um exame de busca que terminou num grande desencontro por entre os labirintos da ganância e da grandiosidade.
   Os efeitos da arrogância e da luxúria esvaziaram um império, que por si mesmo, não tinha como não se esvaziar.

 Restou o Amor, a eterna busca do Amor. Entretanto,  tornamo-nos  um povo que fala de Amor com facilidade sem que muito revele dessa qualidade. Um povo que se arroga a Voz do Império do Espírito Santo e que no entanto pouco realiza esse espírito.
Um povo que faz revoluções de flores para alimentar vampirismo!
 Olhemos só como nos comportamos nas Urnas, como escolhemos quem nos governa!
Olhemos só como gerimos o nosso dia-a-dia!
Olhemos só como acarinhamos o labirinto das críticas e do queixume, como carregamos as cruzes da vitimização em lugar de assumir a responsabilidade!

Sebastianistas por mania, persistimos nas visões de medo e da separação ao serviço do Imperialismo do EGO.
Ansiamos por solução de além do nevoeiro. Corremos atrás das brumas e por entre brumas cada vez mais espessas onde pisamos chãos movediços e experimentamos soluções pantanosas.

Desta vez, não precisamos de ir muito longe, nem de correr atrás de "mouros", nem de dobrar o Bojador, “nem de levar no pêlo” fora do nosso território.

A batalha de Alcácer Quibir é aqui mesmo, nas escolas, nos programas de educação, entre administração, educadores e educandos; 
 nas  organizações empresariais e associações  laborais, na reabilitação  das regras e  condições de trabalho; 
  nas financeiras, nas finanças e no resto da administração pública,  no esforço de reaver o " mal parado " daquilo que entregamos de mão beijada;
 na assembleia da república a demitir todos os velhos do Restelo e a meter na ordem os senhores que lhes encomendam o sermão. 

E desta vez não precisamos de descobrir nenhum caminho marítimo, nem sequer o caminho das estrelas, Adamastor está aqui mesmo, dentro do coração e da mente de cada um, pronto a ser enfrentado, a pedir para ser enfrentado, porque até ele começa a morrer de tédio e a faltar-lhe a paciência: - Eduquem-me, disciplinem-me ou acabaremos todos, mais fundo que  fundo do mar. (Grita o Adamastor).

Vá lá meu povo senta -te frente ao mar, deixa a esplanada, a bejeca, o cigarro  e o bronzeador de lado, , simplesmente, senta -te junto ao mar só para reflectir e respirar. Respira, respira até que se assente a coragem de fazeres as perguntas que sempre adias-te fazer.

Pode ser que finalmente descubras que enquanto procurares no chão do Mundo as Verdades que só captarás dos céus Abertos, o Fado continuará a ser o teu destino.
E se o Fado te dá alguma identidade ele não é a tua Realidade.
Então muda a música, pois está nas tuas mãos  mudar.
 E então Muda, Muda o teu destino.
Rosa Maciel. Setembro/ Outubro 2012