23 de março de 2007

O INEVITÁVEL...

"Ainda ontem pensava que não era mais do que um fragmento trémulo sem ritmo na esfera da vida.


Hoje sei que sou eu a esfera,e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.Eles dizem-me no seu despertar:" Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia
sobre a margem infinita de um mar infinito."E no meu sonho eu respondo-lhes:"Eu sou o mar infinito,e todos os mundos não passam de grãos de areia sobre a minha margem.


"Só uma vez fiquei mudo.Foi quando um homem me perguntou:"Quem és tu?"--------------------------------------- Khalil Gibran

19 de março de 2007

MESTRE DE MIM



Não se preocupem aqueles que pensam que eu estarei a viver momentos de alguma tristeza, não se trata disso queridos amigos (as), há muito que substituí o " pobre de mim " pelo "mestre de mim" e isso permite-me que nunca deixe a raiva estar no comando. Mas aceitar aprender com o desafio da dualidade implica experimentar o despontamento e estar atenta e vigilante ás lições que o mesmo nos trás. Noutros tempos situações impregnadas de arrogãncia, tentativa de manipulação , inércia e irresponsabilização desencadeavam em mim as fragãncias da raiva, hoje activam a vontade de compreender e é aqui que entra a necessidade da oração. De entregar o desfecho da lição á sabedoria maior.

Acredito que há no ser humano uma real e profunda capacidade de encontrar respostas inatas para o desvelar do seu ideal supremo e que a humanidade está a abrir-se a uma profunda necessidade de síntese.
Também não duvido de que por trás dos assuntos do mundo há um grupo organizado de Inteligências que têm vindo a conduzir a humanidade , etapa após etapa, para uma luz paulatinamente crescente acompanhando os seres humanos , desde a mais profunda barbárie, até a presente civilização que se pretende iluminada .


Mas persiste uma òbvia massa de negatividade conduzida por um outro nível de inteligências obscuras e umbralinas que continuam a alimentar o medo, o sofrimento e a dor da maioria dos que nos cercam baralhando-os e baralhando-nos. E na subtilesa dos seus ardis entram-nos portas adentro disfarçadas de soluções angelicais.



Urge por isso, como sentida necessidade do momento actual , o desenvolvimento da intuição e do discernimento por parte daqueles que já estão despertos. Seja qual for o custo para nosso eu inferior, temos que aprender a sentir a nossa visão superior. Há vigiar e orar.

Isto é bom senso.

RM:~)

13 de março de 2007

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO


A dádiva só é dádiva quando é recebida.


Para todos os que em mim procuram o aconchego de quem me assiste é tempo de recordar que é imprescindível ancorar a mestria e o discernimento espiritual.

Todos ansiamos ajudar o outro, mas a verdade é que cada vez mais, visível se torna, um mundo cheio de salvadores que não sabem salvar a si mesmos.

São muitos os movimentos e os percursos do verbo espiritual que interpenetram a esfera individual, porém, parece persistir uma espécie de estrabismo a desviar-nos do verdadeiro foco da salvação, ou seja, a grande preocupação em ajudar e salvar o outro como se não fossemos nós mesmos a precisar dessa mesma salvação. Ninguém pode dar aquilo que não tem. Esta é uma verdade simples mas também incontornável.

A salvação começa e é feita dentro de cada coração e não pode ser dada, apenas poderá ser estendida através do exemplo. Enquanto não praticarmos o que aprendemos e aprendermos o que ensinamos a salvação permanecerá uma utopia inalcançável até mesmo pelo nosso imaginário.
Ultimamente sinto imprimida uma urgência em consciencializar a responsabilidade e qualidade das nossas escolhas.
È tempo de mudanças radicais que importam na interpretação de mundos e dimensões consciênciais que sentimos mas ainda não compreendemos.
Vivemos com um pé no abismo e com o outro num conto de fadas, e uma espécie de realidade virtual começa a tomar o terreno daquilo que até há bem pouco tempo era espaço sólido e tempo real.
Tudo está em permanente transformação, tudo está em acelerada mutação.
A confusão e as dúvidas sobrepõem-se, sobretudo porque a torrente da informação é cada vez maior e tendente a potenciar a diversidade e a dispersão em nome de um apelo à União e à integração na totalidade.
Disto parece resultar o estado psicológico do quanto mais se sabe mais se quer saber e os níveis de stress emocional em lugar de diminuir aumentam.
O paradoxo oferece-se uma vez mais como a chave para a resolução de todos os enigmas.
Intuímos que é tempo de regresso ao nosso centro e por isso de unir e não de separar ou dividir, mas a diversidade da informação multiplica-se ao limite da contradição e a mente dividida continua a encontrar terreno para se fortalecer no proliferar do ruído da multiplicidade de vozes, mensagens, rituais, mantra , danças, escritos, etc,etc...
Perante a constatação de todo este movimento uma certa intranquilidade em mim questionou:
- Quantidade, quantidade, quantidade. E a qualidade? Quem garante a qualidade?
Quem é o guardião da qualidade?
Busquei a resposta e encontrei o Eco:
- Quem pode ser senão o Ser!
- Quem pode ser senão o nosso centro, aquilo que de mais profundo e leve existe dentro de cada um de nós. Devolveu-me o Eco.
- Qual o critério? Procurei saber.
- Somente a paz. Continuou o Eco.
- Procura além das palavras, dos contextos, das condições e da autoria. Onde encontrares tranquilidade, leveza e harmonia fica atenta.
Tudo o que te provocar uma paz silenciosa é a manifestação do que é real para ti. Aí encontrarás caminho, por aí anda a ponte que te leva ao início da verdade.
- E o que é a verdade? (voltei a questionar).
- Não te preocupes com aquilo que por enquanto não está ao teu alcance compreender. Já sabes que verdade não se explica - reconhece-se.
Por isso pára de alimentar a mente analítica que faz com que te percas em mil e uma explicações inúteis e desnecessárias. Está tudo na simplicidade de um fio.
Focaliza a tua mente na simplicidade do fio que te liga e segura à tua paz interior. Regista essa impressão. E segue essa impressão. Experimenta-a em todos os teus corpos.

Segue esse fio até te sentires impregnada de silêncio, até que te dissolvas no silêncio, até que tu sejas o próprio silêncio, até que o silêncio se dissolva. È tudo o que precisas fazer. É este o derradeiro alcance da metáfora dos lírios do campo; O viver esta experiência chamada vida na entrega total a cada momento, na total confiança do que emerge do nosso centro .Só assim se recebe a dádiva.
É oportuno relembrar que ascender é regressar ao estado primordial mas a ascensão só ocorre na total ausência do ruído. O ruído seja ele qual for, propaga-se sempre no sentido inverso ao do caminho de regresso ao teu centro , e por isso, a casa.
A felicidade do estado primordial só será experimentada quando a filiação retornar ao Pai.
O encontro com o pai só acontece na Paz e Tranquilidade Absolutas.



RM :~) 1/3/2OO7


Relembrando o aprendizado:

O mundo que fizes-te é totalmente caótico, governado por leis arbitrárias , sem sentido e sem qualquer significado. Pois é feito de coisas que não queres, projectadas a partir da tua mente porque tens medo delas.
Não acredites que ele está fora de ti , pois só reconhecendo onde ele está terás controle sobre ele .Pois tu na realidade tens controle sobre a tua mente, já que a mente é o mecanismo da decisão. (…)
Se reconheces que todo o ataque que percebes está na tua própria mente e em mais nenhum lugar, terás finalmente localizado a fonte do ataque, e ali onde começa tem que terminar. Pois nesse lugar está também a salvação. Lá está o altar de Cristo. Lá terás a tua visão mudada e lá aprenderás a ver verdadeiramente.”
( cfr. Livro Texto- Um Curso em Milagres )

8 de março de 2007

TEM BOM ÁNIMO



Os nossos desejos mais nobres são o motor que põe em marcha a intenção de criar a realidade que habita na beleza dos nossos sonhos. Abraço. RM:~)

5 de março de 2007

DEPRESSÃO OU SINAL DA NECESSIDADE DE MUDANÇA?!



Ultimamente tenho deparado com vários seres que se queixam de vivenciar uma profunda depressão. Muito poderia escrever sobre isso mas muito pouco contribuiria para ajudar a aliviar um estado de alma que muitas vezes é confundido com doença Psicofisiológica.
Não se trata de um mal mas de uma necessidade de acordar. A depressão é apenas o princípio do fim de um estado de coisas que vão contra o nosso verdadeiro estado de Ser e que por isso nos impedem de aceder à nossa alma e sabedoria interior.

Porque a vivi, permito-me partilhar o seu resultado ilustrado num desabafo que registei quando preparava as minhas sessões do curso de crescimento pessoal no mês de Janeiro do ano 2005. Espero com isto deixar um rastro de luz no coração daqueles que sofrem sem saber porquê.


Na infância recebi tantas mensagens de “não mostres o que sentes”, “não digas o que pensas” e “não confies nos outros”que acabei por me transformar num mestre em subtilezas. O meu amor pelo outro tornou-se num tesouro escondido e expressava-se não tanto naquilo que dizia mas no que fazia. Erguera-se uma muralha de defesas impermeável que protegeu toda uma vida alicerçada num equilíbrio frágil entre a abnegação e a sublimação. Todas as torrentes eram filtradas por uma espécie de barreira subtil mas altamente controladora.
Um dia o dique rebentou. Passei a fazer e a dizer o que pensava e sentia sem olhar a consequências e durante um curto período de tempo fui feliz. Porém, não estava ainda preparada. Além do mais, tornara-me presa fácil de um ser disfuncional.
Enredei-me nas malhas de uma teia complicada e apesar da minha intuição emitir os sinais de perigo eminente, o ego no seu empenho em se afirmar e em obter felicidade a todo o custo facilmente subornou a mente com argumentação falaciosa.

Mas os senhores do carma não " perdoam" e as consequências impuseram-se de forma implacável.

O ego ferido retaliou e a minha mente nunca foi tão laboriosa, ruidosa e bélica. Foi porém uma guerra perdida, a vingança não fazia parte da minha natureza. Tal caminho não era o meu, mas
na ausência dessa consciência iniciei as batalhas próprias de quem não percebe nada de guerrilha. O resultado revelou-se numa incomensurável ausencia de sentido.
Esmagada por sentimentos de injustiça insuportáveis deixei-me acolher no complexo da culpa incontornável.
O ego não aguentou, desintegrou-se mas a disfunção parecia começar a ocupar-se da mente, a aniquilação a franquear-me as fronteiras e o suicídio a seduzir-me tentador.
Confusa e esgotada estaquei no limiar do abismo onde a vertigem do sofrimento se revelava para além do suportável.
De repente desliguei. Como que por magia, tudo parou. A vida imobilizou-se , a memória ausentou-se até que ondas gigantes começaram a rebentar bem no âmago do meu peito.
Estava inexoravelmente entregue a forças irresistíveis que me eram totalmente desconhecidas.
Flutuei e deslizei pelas águas do rio do esquecimento até me ver desaguar no lago da existência.

De princípio foi o vazio ,depois ,a pouco e pouco, senti desabrochar em mim uma espécie de discernimento,uma paz e uma harmonia indescritíveis. Colhi entretanto a notícia de que chegara a hora de largar aquelas águas. Ressurgiu a apreensão mas uma energia amorosa emergiu com a notícia de que é impossível desistir. Tranquilizei-me e direccionei o olhar para as margens daquele lago magnífico. Enquanto inspeccionava o terreno verifiquei que a vida encontrava-se naquelas margens à minha espera. Aguardava-me sorrindo e com tudo aquilo que deixara por fazer.
Compreendi então que não poderia ser de outro modo, levantei-me e apesar de hesitante deixei-me deslizar ao seu encontro . Contemplei-a, era muito bela! Não lhe vislumbrei qualquer fealdade:
- O que é que falhou? Questionei-a.
Ela continuou a sorrir.
- Fui eu? Foram os outros?
Permaneceu o silêncio.
Fixei-a de novo para logo voltar o olhar para o lago na procura do meu reflexo nas suas águas. Um brilho cristalino resplandeceu e no esplendor daquela luz compreendi finalmente não necessitar de qualquer imagem de suporte. Para viver basta um pouco de luz.


Foi então que perssenti uma inocência renovada e redescobri que por trás da minha vulnerabilidade e fragilidade residem toda a força e toda a coragem necessárias a qualquer percurso.
Avancei decidida no caminho mas mal reiniciara a jornada já os ventos do medo sopravam na minha direcção, senti-os no rosto a secarem-me as mucosas . Pestanejei sem me deixar intimidar e devolvi-lhes um sorriso de compreensão:
-Trazem-me lições novas?!Está certo, mãos à obra, faça-se o que é para ser feito.
.
Enquanto isto, aconcheguei os punhados das sementes do amor e da alegria que instintivamente guardara, apertadinhos, nas minhas mãos e murmurando baixinho tranquilizei-as:
- semear-vos-ei sempre que os ventos se mostrarem de feição.

O AMOR E A ALEGRIA rejubilaram e do fundo do lago a uma só voz ecoaram:
- QUE ASSIM SEJA..


Rosa Maciel 07/O1/2005
Com todo o carinho de quem descobriu que a vida é uma escola imperdível. Rm:~)