Não é da
minha natureza ocupar-me com histórias passadas, agora, ocupar-me com a luz que as
novelas dessas histórias produziram, isso é outra coisa, e uma coisa totalmente
diferente.
Toda a
expressão do Amor resulta da análise e síntese da luz produzida pelos esforços das
entidades que atravessam as eternidades passadas em direção às eternidades
futuras.E essa é uma
travessia que faz parte da evolução da entidade Ser Humano.
Sempre me interessei por todo o tipo de história que possa acrescentar luz em direção ao caminho da verdade.Talvez por isso, de quando em vez ,me sinta um pouco como Pi na sua Viagem; Órfã, flutuando na imensidão de um oceano repleto de forças desconhecidas onde outra coisa não resta fazer, senão , o tremendo esforço de ajustamento ao relacionamento possível com a natureza e o desconhecido , sobretudo com a partilha da barca da vida com o Richard Parker. (1)
Sempre me interessei por todo o tipo de história que possa acrescentar luz em direção ao caminho da verdade.Talvez por isso, de quando em vez ,me sinta um pouco como Pi na sua Viagem; Órfã, flutuando na imensidão de um oceano repleto de forças desconhecidas onde outra coisa não resta fazer, senão , o tremendo esforço de ajustamento ao relacionamento possível com a natureza e o desconhecido , sobretudo com a partilha da barca da vida com o Richard Parker. (1)
Mesmo
correndo o risco de se ser devorado ou estraçalhado pelo Richard Parker , não é possível desistir dele. Ele apresenta-se
como o propósito inafastável da existência, isto é, a aprendizagem do cuidar a convivência,
ora alimentando, ora amestrando, ora partilhando e devolvendo desabafos de um
mesmo destino, ora estabelecendo limites, ora respeitando, ora tolerando, ora
protegendo e vigiando, ora amando mesmo não se sendo amado, ora aplicando e
ajustando conhecimentos , assim ampliando possibilidades … Ao que parece, estes são os
ingredientes que dão sentido à vida, à luta para se manter vivo na autoconfiança
segura do merecer existir.
E Já tenho
tido alguns Richards Parkeres , na minha barca , mas que na verdade são um só.
Falo destas coisas para naturalmente, continuar aprofundar o reflectir e mais descobrir sobre os relacionamentos e o Relacionamento.
Ao que
parece a chave de arranque da vida para a existência como entidade é o Relacionamento .
Ultimamente tenho tido fortes suspeitas de que o Relacionamento é uma coisa inventada pelo Criador para se reinventar ou recriar a si mesmo.
Ultimamente tenho tido fortes suspeitas de que o Relacionamento é uma coisa inventada pelo Criador para se reinventar ou recriar a si mesmo.
Não sei de
onde me vem esta ideia mas não me parece nova, nem decrepita; Cada vez que o Criador
reinventa, a sua energia expande em direção aos desconhecidos, só não se sabe
se também dele mesmo ou se apenas da sua criação,ou se de ambos.
A verdade é
que o Ser Humano no meio do imenso oceano de uma infinita criação parece ser um
núcleo preferido, alguém que é amado devido ao criador.
Sou Humana,
ou também sou humana, no centro de uma criação de matéria crua dual e na versão de uma energia
típica de mulher.
Quando
encarnei, cresci envolta da crença que nascera para Amar e Ser Amada, só que
não recordava o como nem por quem. Entretanto, essa espécie de amnésia e uma força centrìfuga
impulsionaram -me na procura do meu oposto.
Mas o meu
oposto apresentava-se ausente da ideia e da imagem que então conseguia fazer dele. Um género muito parecido com a mulher mas
totalmente ausente dela, e, ao contrário do que me parecia lógico poder esperar, dificilmente se perspectivava possibilidades de desfrutar completude ou complementaridade . Antes, uma guerra fria, um jogo de manipulação
e sedução inquietantes.
Apesar de
muito parecidos e aparentemente complementares, homem e mulher nos seus
relacionamentos mais pareciam duas linhas rectas em direção ao infinito com
poucas esperanças de se encontrar.
Aparentemente
falavam a mesma linguagem mas não se entendiam e quando cruzavam alguma linha
de comunicação, ficavam sempre coisas por dizer, algo por realizar onde o Virar
as costa era lugar-comum.
Naturalmente,
ao longo da vida, esta foi uma questão que me intrigou; - o que é que
separa homem e mulher?! E muitas outras se sucederam; - Não é suposto terem nascido um do outro?! –
Não seria mais lógico voltarem-se um para o outro?! – Que coisa mais
incongruente?! - Onde é que começa o fio desta historia?! -Terá sido uma história
gerada ou criada?!
Com o tempo,
descobri que existem muitas histórias, inúmeras explicações sobre a origem do
homem e da mulher e sobre a origem da separação. Mas, nenhuma dessas histórias foi o
suficientemente convincente. Porém, todas tinham pontos em comum.
Homem e
mulher começaram por ser dois em um para mais tarde se desdobrar em dois,
reproduzir e multiplicar.
Assim
prosseguem as histórias do mundo conjugadas com as registadas na essência;
“O criador
na sua infinita bondade criativa, cria o homem e tira a mulher de dentro do homem,
assim dando expressão à ideia de criar à sua imagem: A mulher sai de dentro do
homem e deste modo o homem daria à luz todos os filhos nascidos dela, incluindo o filho
de Deus ou seja o próprio Deus ( quando chegasse a hora).
Este é o Relacionamento Divino, Circular: Tudo o que vem de Deus, volta a Deus, melhor está destinado a tornar-se Deus.
Este é o Relacionamento Divino, Circular: Tudo o que vem de Deus, volta a Deus, melhor está destinado a tornar-se Deus.
É bonita a
visão desta finalidade de Trindade criadora; Deus – Homem/ mulher = filho ( onde Cada criança
é uma lembrança de Deus, um potencial divino).
Mais bela ainda, é a ideia
de que Deus deu-nos o sexo oposto para aprendermos sobre o seu Amor. Deu-nos
pai /mãe/filho para experimentarmos o seu Amor.
Por isso homem e mulher
deveriam experimentar o eterno Relacionamento com Deus, na submissão pelo de
respeito, aceitação e amor genuínos de uns para com os outros, incluindo Deus no circulo.
Porém aquilo
a que assisti desde a minha infância é um Mundo dilacerado e afastado desse Relacionamento;
- O que é
que terá acontecido para homem e mulher se tenham afastado?!
Ao que
parece, e nisso as histórias também apresentam pontos em comum, a dada altura,
no Éden, os seres humanos decidiram abandonar o relacionamento com Deus para
afirmar a sua independência e para experimentar uma coisa chamada livre arbítrio,
autonomamente.
Segundo consta, o criador dispondo da infinitude do seu Amor terá optado
por não interferir na liberdade de consciência da sua criação e permitiu que
ela passe-se a criar a ela mesma.
Essa
declaração de independência levou a que o homem se virasse para si mesmo , para
o Mundo e para o trabalho manual concorrendo com a natureza na busca de
identidade, do valor e da segurança através do suor do seu rosto. Optou por definir o que é bom e o que é mau e por procurar
orientar o seu próprio destino através
do esforço e do Ego.
É claro que isto
não correu bem e ao que parece a humanidade foi expulsa do firmamento , o gerou muito sofrimento, causou muita dor e, o pior de tudo, causou amnésia. Uma amnésia que importou incontáveis anos de atraso do natural desenvolvimentos (basta
olhar para o mundo para o perceber).
Tudo isto já vem muito lá de traz, desde o
tempo em que as verdades iniciais foram esquecidas e as histórias viraram mito e obrigou, mais à frente , a vários programas de revisão e ajustamento ao
processo educativo inicial. Entretanto muitas interpretações e curvas nas interpretações foram
dadas ao longo do decurso de muitas eras. Durante este tempo a mulher que no
inicio, tal qual o homem, tinha uma relação directa com Deus passou a virar-se
para o homem e a reacção do homem foi “dominá-la” e assumir o “poder sobre ela”.
Assim geraram-se
e ampliaram-se hábitos de manipulação, sedução, descriminação e abusos.
As mulheres esquecidas da sua função e lugar sagrados,
de um modo geral, passaram a estar tão viradas para o homem que acabaram por achar
ser difícil escapar-lhe ou deixa-lo entregue si mesmo e de parar de lhe fazer
exigências de segurança, protecção e identidade (excepções excluídas).
Os homens
ficaram tão virados para si e para o chão (= plano do Mundo) que passaram a não
conseguir abdicar das coisas que constroem e dos seus esquemas de
segurança, assim como da sensação da importância que os faz sentir grandiosos. Tornaram-se profundamente
ligados às suas criações materiais e mentais.De tal modo ficaram , virados só para si que inventaram vários Deuses à sua imagem e quando veneram Deus, o que veneram é uma imagem de si mesmos. Portanto, não
reconhecem nem vêem o Amor de Deus e muito menos ponderam virar-se para ele
(excepções excluídas).
O
Relacionamento Homem / Mulher passou a enfermar de uma
doença reciproca chamada separação (de Deus e um do outro) de expressão antagonizante que
só se curará quando ambos se revirarem para Deus.
Só quando se revirarem para Deus é que poderão voltar a reconhecer quem são e o que são ; parceiros iguais, face a face, cada qual diferente em género mas complementares,
pois ambos estão destinados a receber o Poder Directamente de Deus de quem
emana todo o Poder e Amor genuínos.
Então poderão regressar
ao Amor , receber e viver as Verdades da Existência até à Perfeição com
total desprendimento dos Richards Parkers que ao longo dos tempos enfrentaram e alimentaram.
Na verdade
aquilo que muitas vezes nos parece perigoso, insuportável ou uma limitação intransponível
é quase sempre um convite a uma superação.
A entidade
Humana tem sido, ao que parece, filha da superação.
O filho de
Deus é o resultado do trabalho de Deus com a natureza na criação final do homem capaz de transcender a si mesmo e de se integrar, integrando a natureza.
O
Relacionamento homem / Mulher surge, neste contexto, como necessidade de
disseminação da espécie humana,mas também, como expressão do mais sagrado Alto sacrifício
de Fidelidade ao Amor. Talvez por
isso tentar explicá-lo em lugar de vivê-lo, seja apenas, uma futilidade necessária à compreensão de certa expressão de uma etapa do caminho. Tentar explicá-lo
depois de vivê-lo é já a síntese da análise própria de quem pegou na ponta do fio
do novelo da existência e foi capaz de o enrolar.
Seja como
for, é tarefa iniludível unir final e inicial com a consciência de que só se chega ao fim do principio do novelo
depois do revirar-se para Deus.
Revirar-se para Deus não é tão fácil como o
presumido.Que esta se
torne a vitória da espécie humana , na certeza de que nada termina , apenas se
desdobra em novas possibilidades de Existência.
Com a nova
Luz do Amor.
Rosa Maciel
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Nota .. Richard ParKer é o nome de um personagem ( Tigre) do filme a
Vida de PI que recomendo , pela beleza das imagens e da história. Para quem desconhece , poderemos dizer que Richard ParKer , do nosso ponto de vista, simboliza as
lições ou desafios à adaptabilidade e
amadurecimento da Personalidade, isto é
, a metáfora do programa do
relacionamento difícil ou impossível. Mas como se pode ver no filme, o
impossível é um mito que ao homem compete superar, assim como muitos outros
mitos , tabus e paixões que o acorrentam aquém do paraíso.
Fica o cheirinho ao convite a visitarem o filme para quem
ainda não o fez, claro. Para quem o viu não perderá nada em recordar. Na
verdade o cinema é uma arte e todas as artes estão destinadas a despertar os
códigos da consciência .
.
Sem comentários:
Enviar um comentário