20 de maio de 2009

DIVINA MÃE

" A não ser que o Ser Humano conheça a verdade, nunca poderá estar certo de que o caminho que percorre é o correcto".(1)



A busca da Rectidão de atitude e de acerto no caminho são desafios que nos apontam desfiladeiros estreitos, estreitíssimos, que não raras vezes persistimos em não atravessar.



Privilegiamos a comodidade, o rápido, o atalho, o confortável, o conhecido e o seguro," o pronto-a-vestir" as auto-estradas e as grandes avenidas da vida na convicção de que ao evitarmos os caminhos e as estradas estreitas ou sinuosas, e também os desfiladeiros, teremos maiores hipóteses de encurtar o caminho e em economizar o tempo, quando o espaço e o tempo foram feitos para serem usados e experimentados.

Predispomo-nos até a " pagar portagens " para que alguém ou algo nos facilite o deslizar do caminho, a imperceptibilidade da distância e a supressão do esforço até sermos sucessivamente confrontados com a decepção.

Buscávamos uma verdade pronta a usar e acabamos usados pelas palavras certas da ilusão.Por isso, na maioria das vezes só começamos a captar a verdade através de várias decepções.

No começo vem o marasmo do desespero ou o desânimo da depressão para logo se nos abrir as portas para o discernimento. Quando nada mais resta a não ser a necessidade ou a coragem de dobrar as esquinas do medo a busca iniciática aconteçe.

Compreendemos então, que para se ver a luz da verdade é preciso alcançar a habilidade de caminhar pelos nossos próprios pés e trilhar todas as vicissitudes e provas do caminho, incluindo , se necessário for, rastejar e tactear pelos desfiladeiros e abismos até atingirmos a capacidade de caminhar com integral equilíbrio e autodomínio , sem o perigo de se escorregar na vertigem.

È assim que se supera o medo e se desvela o mapa do território do destino traçado para o encontro com a nossa essência , e, através dela, com a verdade.

Claro que o Divino sabe disto tudo e tem conspirado a nosso favor , doando-nos o seu amparo através de indizíveis formas e programas que têm orientado a nossa humanidade na instrução que assegura passagem nos exames mais difíceis do processo evolutivo : AMOR, TOLERÂNCIA, MODÈSTIA, PACIÊNCIA, SENTIDO DE MISSÃO, TRANSFIGURAÇÃO….


Ao longo das Eras temos tido muitos instrutores e amparadores enviados pelo Plano Espiritual mas hoje cumpre-me homenagear um, MARIA.

MARIA , uma das revelações da Mãe divina, Conhecida entre nós como , A virgem Maria , a Mãe de Jesus, A Nossa Senhora , a Aparição , acolhida e interpretada pela visão católica que nos é mais próxima como , A Nossa Senhora de Fátima.

A visão e a experiência que eu tenho de Maria sempre transcendeu a representação através de uma imagem, de um altar ou de um templo, no entanto carrego comigo uma imagem da Nossa Senhora de Fátima à cerca de um quarto de século. Uma Herança exotérica que uma parte minha não pode deixar de acolher.

Desde criança que a pressinto e intuo como a Mãe, o lado Feminino do Poder Supremo , a linguagem materna de Deus ( o Espírito Santo), a Nutridora , um Espirito Supremo. No entanto, nunca deixei de me enternecer com a beleza de todas as imagens que a tentam representar na forma humana.

Sempre que invoquei o seu auxílio, o manto da sua nutrição e amparo ou simplesmente a sua presença , os meus olhos perdiam-se nas copas e nos ramos das árvores, no manto azulado do Céu ou no brilho do espelho das águas calmas de um lago. Porém, sempre gostei de ter a imagem representativa de MARIA por perto e de a visitar nos templos.

Não é que venere a imagem, mas de quando em vez dou comigo a piscar-lhe o olho, a enviar-lhe um beijo, a fazer-lhe uma carícia, a dirigir-lhe uma alusão ou um desabafo humorísticos. E , nesses momentos de tremenda entrega e profunda autenticidade, a minha mente interpreta e o meu coração sente, por uma fracção de segundos, a Mãe Divina encarnada naquela imagem de Gesso.

Mesmo sabendo e compreendendo que Deus é um Poder Supremo que perpassa de um lado para o outro e se difunde em todas as partes de todos os Universos, e por toda a natureza, do qual deriva a vida de todos os seres vivos gerados e não criados ,e que, a Mãe Divina é a expressão da polaridade feminina desse poder.

E ainda que as minhas visões internas não tenham qualquer correspondência a imagens ou personagens do imaginário ou simbolos de familiaridade ou peculiaridade humanas . Mesmo assim , momentos existem em que sinto o apelo ancestral de "pedir colo " a uma imagem.

Estas questões nunca me preocuparam até ao momento em que necessitei de esclarecimento interno quanto á atitude correcta a ter na manifestação da minha fidelidade ao divino no que concerne á contemplação, devoção e adoração.

- Porque é que nunca me senti presa a imagens nem a templos? Porque é que nunca necessitei de templos para Contemplar, Orar e Adorar, e, não obstante , sempre gostei de uma particular Imagem de Maria, ao ponto de ter uma sob a minha guarda e protecção!E mais tarde de experimentar uma lógica consciênte que me revelava que o lugar dessa imagem é a minha sala de meditação?!


Esta foi uma contradição que fui chamada a integrar .

- Porque nos sentimos, impelidos a fazer e a contemplar imagens daquilo que não pode, na verdade, ser representado. E dividimos o divino em Deuses e Deusas atribuindo-lhes histórias e nomes?!
- Esta atitude não cria condicionamentos e prisões a falsos Deuses? Não gera retardamento na expansão da consciência? Não atraí obstáculos á fusão com a nossa essência e á circulação das energias Espirituais e das correntes e frequências Cósmicas ?!
- Afinal o objecto de adoração é o DEUS, O NOSSO SENHOR, O PAI/MAÊ, o não representável, a não forma!

Na altura ainda tinha alguma dificuldade em compreender que todas as religiões e livros sagrados constituíram dimensões reveladas do Plano Divino, provenientes do mesmo Canal, com origem na mesma fonte e expressão do mesmo Poder Supremo. Todas elas destinados a instruir a humanidade na proporção da escala evolutiva da época em que surgiam e de acordo com os inerentes níveis de consciência , meios ou poderes de frequência.

Não resultava ainda claro, para mim, que toda a confusão, sofrimento e manipulação resultantes do fanatismo e da separabilidade foram gerados pela incorrecta e deficiente interpretação feita pelos egos humanos da substãncia das mensagens e não pela ausência de pureza ou falta de idoneidade dos ensinamentos contidos nos livros Sagrados .·

Na ausência desta consciência aquelas perguntas exigiam respostas sob pena de subjugação ao preconceito e á carência de tranquilidade no exercício do respeito pela liberdade das diversas formas de expressão e de devoção religiosa.
Mas como já se tornara hábito fizera as perguntas e aguardava confiante que a resposta chegariam na hora e circunstancias adequadas à sua melhor compreensão .


Estava eu muito descontraída a ler a história de uma lenda (A Sacerdotisa de Avalon) quando de repente, fico assombrada com a resposta de uma menina a uma simples pergunta:
“ - o que é que te faz gostar das bonecas que tens em casa, quando sabes que não são bebés verdadeiros?
A resposta foi:
- Porque posso agarrar nelas e fingir que são os bebés que hei-de ter quando crescer . È difícil amar uma coisa que não tem nome nem rosto.
Aí estava uma boa resposta seguida de uma boa explicação:

"- Nas nossas mentes podemos compreender o Deus Supremo, mas enquanto estivermos nos nossos corpos Humanos, neste mundo rico e variado, precisamos de imagens para que possamos ver , tocar e amar. E cada uma delas mostra-nos uma parte do poder Supremo, e todas as partes juntas dão-nos ideia do todo.”(2)


Compreendi então o para quê da minha ligação a uma imagem de Maria e o porquê de, apesar dessa ligação, estar ciente da Mãe divina e alcançar consciência Universal direcionada para o Conhecimento do todo ;
Com efeito a simplicidade dessa ligação garantiu-me e garante-me a expansão da consciência no respeito do que em mim é humanidade.
Muito fica ainda por dizer sobre as muitas lições da Divina Mãe, tudo a seu tempo.

Por enquanto fica a homenagem á Divina Mãe que neste mês de Maio é tão Grata á ALMA DE PORTUGAL.

Com amor de Rosa.

Autoria das citações:

(1) in , O Livro do Conhecimento. M. Y. V.

(2)in , A Sacerdotisa de Avalon. Marion Zimmer Bradley e Diana L. Paxson

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